Oferecimento:
1
Rabisco com tinta o mundo que vejo,
Misturo lembranças com o meu querer,
No peito carrego um sonho e um desejo,
Versando a saudade sem me esconder.
Nas curvas da vida, sigo sem receio,
Traçando caminhos pra não me perder,
Cada palavra é um risco no meio,
Que o tempo não cansa de me escrever.
E mesmo se a dor insiste em doer,
Essas maus traçadas linhas,
Desenha em um corpo a arte de ser.
2
No compasso lento da velha caneta,
Desenho memórias que vêm me envolver,
Misturo a verdade com rima discreta,
E faço da vida um jeito de tecer.
Cada verso traçado carrega um segredo,
Que mora calado sem querer doer,
Mas brota em silêncio, vencendo o medo,
Buscando na alma espaço pra crescer.
Mesmo que o mundo tente me deter,
Essas maus traçadas linhas,
Desenha em um corpo a arte de ser.
3
No papel manchado, deixo minha história,
Entre risos soltos e marcas de dor,
Versos tortuosos bordando a memória,
De um poeta errante, mas cheio de amor.
Os ventos sopraram promessas no peito,
Que o tempo tratou de logo desfazer,
Mas sigo escrevendo, sem rumo e sem jeito,
Aceitando que tudo precisa morrer.
Pra que o renascer possa florescer,
Essas maus traçadas linhas,
Desenha em um corpo a arte de ser.
4
Na folha vazia deixo meu lamento,
Misturo alegria com o meu sofrer,
Cada traço torto carrega um momento,
Que o tempo não pode mais devolver.
São marcas da vida que sigo aceitando,
Nos versos que tento fazer florescer,
Em cada palavra me vou revelando,
E mesmo ferido, insisto em escrever.
Pois há sempre força pra me refazer,
Essas maus traçadas linhas,
Desenha em um corpo a arte de ser.
5
O vento sussurra verdades ao chão,
Enquanto meus passos tentam entender,
Que a rima que nasce do meu coração
É sombra e clarão que insiste em viver.
São folhas voando num mundo sem dono,
Que o sopro da vida faz renascer,
No canto mais puro do verso que entono,
Eu deixo meu mundo inteiro crescer.
E o que não se explica, basta compreender:
Essas maus traçadas linhas,
Desenha em um corpo a arte de ser.
Ronaldo Mauro